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Por onde ir?

+ Dom Jaime Spengler

Arcebispo da Arquidiocese de Porto Alegre


“Somar forças!”, “A união faz a força!”, “Povo unido jamais será vencido!” são algumas expressões que aprendemos desde crianças. Contudo, promover a união de um povo ou nação desafiada por urgência ou necessidade requer determinação, sensibilidade, capacidade de mobilização das melhores forças humanas. A crise vivida pelo Brasil exige liderança para a união de todos em prol do cuidado e promoção da vida, especialmente dos mais pobres e fragilizados. A ideologia do neoliberalismo não hesita em deixar pelo caminho quem quer que seja, desmontando instituições e direitos, esvaziando organismos de participação popular e desacreditando a ciência. Contudo, mesmo em meio à carência de liderança ética, despontam sinais fortes de solidariedade envolvendo pessoas, grupos, instituições e empresas. A carência de solidariedade social seria sinal de morte da própria sociedade! Por isso, há motivo para esperança. Se por um lado, acompanhamos a manifestação de opiniões e promessas simplórias, marcadas por autorreferencialidade e vaidade, por outro lado se constata a grandeza humana de tantos capazes de altruísmo, senso de pertença e corresponsabilidade social. O atual contexto sócio-econômico-político-cultural e eclesial solicita a cooperação de quem, à luz do Evangelho e da Doutrina Social da Igreja, se sabe responsável pela vida, corresponsável pela defesa e promoção da democracia e, consequentemente, apto a indicar soluções viáveis para a superação do difícil cenário estrutural de escandalosa desigualdade de nosso país no qual o vírus, com suas consequências, se instalou. E isto agravado por forças obscuras presentes no tecido social. O Papa Francisco nos exorta a construir pontes, não muros; a proceder marcados pela sinodalidade. Nesse trabalho, a disposição para o diálogo lúcido, franco e honesto é condição sine qua non. A participação e contribuição de todos os que acreditam na possibilidade de construção de uma sociedade mais justa é uma prioridade. O “novo normal” pós-pandemia que almejamos, só será possível se formos capazes de oferecer alternativas, abordagens novas e práticas de sucesso, colaborando assim para rever projetos, comportamentos e processos. Venceremos a crise! A construção de um novo tempo para a sociedade brasileira pressupõe a união de forças, a superação de partidarismos e ideologias que desrespeitam a vida e negam o princípio do bem comum, o acolhimento das diferenças e a disposição autêntica e generosa para a construção de uma “Terra sem males”.

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