+ Dom Jaime Spengler
Arcebispo da Arquidiocese de Porto Alegre
A realidade cotidiana dos migrantes é difícil e desafiadora. São pessoas que trazem consigo o sonho de encontrar condições melhores de vida para si e para os seus familiares. Há também os que migram por razões políticas. Muitos deixaram para trás suas famílias e partiram sem nada, trazendo consigo somente a esperança de encontrar um “mundo melhor”. O desejo de vida digna para si e para os seus deu, e dá, coragem e forças a muitas pessoas para partir em busca do novo. Novo que significa a possibilidade de “ser libertos da miséria, encontrar com mais segurança a subsistência, a saúde, um emprego estável; ter maior participação nas responsabilidades, excluindo qualquer opressão e situação que ofendam a sua dignidade de homens; ter maior instrução; numa palavra, realizar, conhecer e possuir mais, para ser mais...” (Paulo VI. Populorum Progressio, n. 6). Os migrantes com sua coragem, determinação e ousadia colaboram para o desenvolvimento da sociedade. O fenômeno migratório faz parte da história humana. A confiança, a esperança e a necessidade sempre estiveram na base das migrações. Foi esta esperança que também orientou muitos de nossos antepassados. Contudo, há de se ter presente que a vida destas pessoas traz, por vezes, as marcas da rejeição, discriminação e exploração. Se por um lado o fenômeno da globalização favoreceu oportunidades e possibilidades de uma vida melhor, devido a interdependência e a interação entre nações e povos, por outro lado, o impor-se da cultura do descartável, considerando pessoas como “resíduos” e “sobras”, exige a promoção da cultura do encontro, do respeito e da acolhida. Em Porto Alegre, há um exemplo de gesto concreto. Há mais de 80 anos, a Missão Pompéia CIBAI (junto à Paróquia Nossa Senhora de Pompéia) se dedica ao atendimento dos migrantes, refugiados, apátridas, vítimas do tráfico de pessoas, estudantes e trabalhadores itinerantes. Trabalho marcado pela acolhida, apoio humano, alimentação, vestuário, encaminhamentos legais, entre outras assistências fundamentais. Todas são expressões de respeito humano e caridade cristã.
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