A Arquidiocese de Porto Alegre promoveu na quarta-feira um encontro sobre Gestão Eclesial, realizado no Instituto São Francisco, na zona norte da capital. Mais de 400 pessoas estiveram reunidas, entre bispos, sacerdotes, diáconos, seminaristas maiores, representantes dos conselhos econômicos e pastorais paroquiais além das secretárias e secretários. A assessoria do encontro foi do bispo da Diocese de Bagé, Dom Cleonir Dalbosco, e do assessor de gestão da CNBB, José Luna.
A iniciativa do evento surgiu a partir de um retiro do clero da Arquidiocese de Porto Alegre no ano passado, pregado por Dom Cleonir, quando abordou o tema e foi solicitado um momento para que se pudesse conversar com mais profundidade. O bispo de Bagé destacou que é preciso “oferecer todas as possibilidades para que a instituição cumpra sua missão e seus destinatários se sintam felizes. Para a Igreja uma boa gestão é evangelizar”.
Dom Cleonir Dalbosco ofereceu algumas dicas para uma boa gestão nos diferentes âmbitos da Igreja:
Cuidar da gestão de pessoas especialmente quando tratamos dos voluntários
Importante conhecer o Código de Direito Canônico para uma boa gestão eclesial
Meta central é o Reino de Deus - não podemos esquecer desta centralidade
Necessária uma boa espiritualidade. Com isso o gestor consegue trabalhar bem
O assessor de gestão da CNBB, José Luna, trouxe exemplos práticos de como o tema gestão eclesial é trabalhado na conferência. “Contabilidade é uma ferramenta de gestão, não é um mal. Nasceu na Igreja, inclusive, no século XV. Precisamos lembrar que o patrimônio é do povo de Deus”, afirma.
Administrar as pessoas, sem dúvida, é o âmbito mais desafiador da gestão, conforme Luna. “As pessoas implementam os processos e as tecnologias, por isso não podem ser esquecidas.” O assessor em gestão da CNBB aponta os benefícios obtidos com a aplicação das ferramentas de gestão:
Sustentabilidade da instituição
Conselho Econômico consegue atuar de forma facilitada
Decisões mais ágeis e assertivas.
Resultado econômico que gera mais recursos.
Transparência: menor risco de não-conformidades (fiscal, trabalhista);
Melhora o clima organizacional - menos conflitos, pessoas engajadas às metas.
Local bom para se trabalhar
Gestão Eclesial, lembra o bispo da Diocese de Bagé, é fazer uma análise da realidade local. "Hoje a maioria das Paróquias não se sustenta somente com o dízimo e as coletas. Antigamente dava conta. Fizemos uma consulta interna na diocese para analisar as entradas e saídas. Fizemos um giro. Avaliamos, conversamos sobre o que a paróquia tem à disposição. Muitos lugares não tem como aumentar a receita. Aí é preciso olhar para as despesas. Cuidado na transferência de bens para suprir necessidades do cotidiano. Quem faz isso está a caminho da falência."
A realidade do Dízimo também foi tema do encontro. José Luna recordou que este aspecto deve ser olhado com método. "É preciso analisar empiricamente. Qual mês arrecada mais. Saber o motivo. Quantos dizimistas temos. Qual a média de entrada? Precisa-se deixar de lado a intuição", disse o assessor da CNBB. Neste tema o arcebispo de Porto Alegre Dom Jaime Spengler recordou que é preciso olhar para além do dízimo. "O dízimo é uma realidade muito bonita, mas não tem sido suficiente. Nós não negociamos a fé. Nosso procedimento é outro. O patrimônio precisa render. Nem bem sabemos o que temos. Opções de investimento existem. A discussão se torna um tanto apaixonada, o que é normal. Juntos precisamos construir opções. Nós não fomos formados para esse tipo de desafio. Daí a necessidade de colaboração", salientou o arcebispo de Porto Alegre.
O encontro sobre Gestão Eclesial deu a oportunidade para os representantes das Paróquias tirarem suas dúvidas sobre os temas abordados. O bispo auxiliar da Arquidiocese de Porto Alegre Dom Darley José Kummer motivou a todos a serem mais solidários quando se fala em gestão. "Vamos olhar para nossa vizinhança. Se uma paróquia não está bem e eu posso ajudar, porque não estender a mão, colaborar com os nossos irmãos", apontou.
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