+ Dom Jaime Spengler
Arcebispo da Arquidiocese de Porto Alegre
A possibilidade de exploração de carvão mineral às portas de Porto Alegre traz à tona o tema da sustentabilidade ambiental. Pensar a Casa Comum, como o Papa Francisco chama o meio ambiente em sua primeira Carta Encíclica, a Laudato sí’, publicada em maio de 2015, reflete atenção para com a continuidade da vida nas suas diversas manifestações e consideração para com as futuras gerações. Os recursos naturais são limitados. A exploração dos mesmos não pode guiar-se por formas imediatistas de entender a economia e a atividade comercial e produtiva. Somente uma ética sólida é capaz de promover limites ao poder do mercado e da economia. O uso indiscriminado dos recursos naturais não renováveis promovido pelos poderes econômico e político, os quais tendem a transformar tudo em mercadoria, mascarando e ocultando suas implicações e consequências, necessita ser estudado, para que sejam encontradas alternativas viáveis e saudáveis. O atual modelo de desenvolvimento industrial e econômico dá sinais de exaurimento. É tempo de reunir as melhores forças da sociedade para promover cooperação e solidariedade, cuidado e responsabilidade coletiva. O projeto de exploração do carvão mineral no Rio Grande do Sul, e de forma particular na região metropolitana de Porto Alegre, gera preocupações. Se por um lado promete oportunidade para os cidadãos, por outro não garante – e não há como garantir! – a preservação do solo, da água e do ar. O debate em torno das vantagens ou desvantagens, conveniências ou inconveniências do projeto não podem ser balizadas somente pelo que é permitido ou não pela legislação vigente, mas pela sinceridade e verdade científica e política.
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