Fonte: Arquipoa
Os dados assustam! No Brasil, em nove anos – entre 2007 e 2016 – o Ministério da Saúde registrou 106.374 óbitos por suicídio. Só no último ano do período, a notificação chegou em 11.433 mortes, com uma taxa de 5,7 por 100 mil habitantes. Em todo o mundo, cerca de 800 mil pessoas morrem por suicídio todos os anos – um a cada 40 segundos! – fazendo desta a segunda causa de morte de jovens entre 15 e 29 anos no mundo e a quarta no Brasil. As estatísticas são desconfortantes e também inquietam. Atenta a esta realidade, provocada pelo contexto cada vez mais agravado, a Pastoral da Educação do Regional Sul 3, em parceria com o Curso de Pós Graduação em Teologia da PUCRS, promove hoje (23), quarta-feira, às 20h30min, uma aula aberta em formato de live, com o tema Se tem vida, tem jeito. O momento será transmitido pelas redes (Facebook e YouTube) da CNBB Sul 3 e contará com a mediação de Dom Leomar Brustolin, que recebe a Dra. Karina Okajima Fukumitsu, psicóloga suicidologista e pós-doutora em Psicologia pela USP.
Dom Leomar, que é bispo referencial da Comissão Episcopal para a Cultura e Educação da CNBB Sul 3, explica que a proposta do encontro é possibilitar uma aproximação séria e competente às questões acerca desta realidade, que define como uma “conduta contemporânea autodestrutiva, concentrada no fenômeno do suicídio”. Ele reforça que é necessário um amplo enfoque interdisciplinar sem o qual toda análise e discursos sobre o problema se revela deficitário. “Por isso psicologia e teologia entram em diálogo nesta aula para poder compreender este fenômeno que já há alguns anos cresce em nosso país e nos preocupa”, destaca Dom Leomar.
A preocupação da Pastoral da Educação
No Rio Grande do Sul, uma recente reportagem do Jornal do Comércio, relata que a região Sul do Brasil tem sido foco da atenção dos técnicos do Ministério da Saúde, já que na última estatística, apresentava 23% dos casos, embora seja apenas 14% da população brasileira. Segundo os dados do Ministério, estão no Rio Grande do Sul três das quatro cidades com piores indicadores de suicídio: Forquetinha (78,7 a cada 100 mil habitantes), Travesseiro (55,8) e André da Rocha (52,4) – enquanto a média nacional é 5,7.
A realidade do Estado preocupou a Pastoral da Educação e o padre Rogério Ferraz de Andrade, coordenador da pastoral no Rio Grande do Sul, que acredita que é necessário promover iniciativas em favor da vida e do seu cuidado. Ele ressalta que a pandemia incentivou ainda mais o aumento do número de casos, que a cada dia crescem no Estado. “Os educadores, especialmente os das escolas públicas, bem como os estudantes estão sendo atingidos neste momento não apenas em questões financeiras, mas psíquicas, comportamentais e de relacionamento”, analisa Pe. Rogério.
Ele explica que a aula aberta tem como ponto de partida o despertar da consciência sobre a grave problemática do suicídio, bem como o desejo da multiplicação de ações de valorização da vida e acompanhamento dos mais vulneráveis, neste período que demonstra-se grave e ameaçador para muitos. “Precisamos apontar perspectivas de futuro e de esperança para todos. Enquanto há vida, há jeito”, conclui.
Papa Francisco
O último 10 de setembro foi dedicado ao Dia Mundial para a prevenção do suicídio. O Papa Francisco, várias vezes manifestou sua preocupação com este fenômeno, sobretudo entre os jovens.
Francisco falou recentemente sobre o assunto no Twitter, citando a pandemia e ressaltando a importância da confiança em Deus: “Hoje, no drama da pandemia, perante tantas certezas que se desmoronam, diante de tantas expectativas traídas, no sentido de abandono que nos aperta o coração, Jesus diz a cada um: “Coragem! Abre o coração ao meu amor. Sentirás a consolação de Deus que te sustenta”. (Texto: Comunicação CNBB Sul 3 / Edição: Patricia Damaceno - Ascom)
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