“Agora, após estes dias de trabalho, eu creio que nós podemos dizer que é possível, sim, utilizar também as plataformas digitais, a tecnologia, para realizar uma Assembleia Geral da CNBB”, afirmou o arcebispo de Porto Alegre e 1º vice-presidente da CNBB, dom Jaime Spengler, durante a última coletiva de imprensa da 58ª Assembleia Geral da CNBB, em 16 de abril. Segundo ele, havia uma expectativa grande em torno da realização desta assembleia geral, mas o balanço é bem positivo. “Primeiro, pelo fato de não termos podido celebrar como programado a assembleia no ano passado, pois ela foi adiada devido a situação da pandemia. A segunda situação é pela utilização da tecnologia, algo inédito. Surgiram questões de como seria acompanhar a participação de praticamente quatrocentas pessoas através da internet. Terceiro, como realizar os encaminhamentos característicos de uma assembleia como a nossa, seguindo os estatutos da conferência”. Embora imponha restrições, principalmente por não possibilitar o encontro e o debate presencial entre os irmãos de episcopado, para dom Jaime há vantagens na realização da AG online: “o sistema agiliza encaminhamentos, oferece melhor proveito do tempo disponível, proporciona redução de custos e exige presencialidade não menos exigente que aquela tradicional a que estávamos habituados. Esses elementos, certamente, não diminuem a importância do encontro dos bispos, dos assessores, mas certamente o sistema online ensina e permite tratar questões que não exigem, de forma radical, a presencialidade física”. A pauta do evento que, embora em formato online, trazia muitos temas, reflexões e debates ao longo dos cinco dias, também foi destacada por dom Jaime. Segundo ele, a forma utilizada para definir e cumprir a pauta foi mais do que satisfatória, mesmo tendo alguns aspectos da assembleia geral que, pelo estatuto da conferência, recomendavam a presença física. “Fizemos o que foi possível realizar, o que o momento nos permitia. Infelizmente, já sabemos e reconhecemos que o vírus que está entre nós, propagando enfermidade, ceifando muitas vidas, restringe certamente opções e possibilidades”. O terceiro ponto destacado por dom Jaime foi o empenho dos assessores da Conferência, dos bispos responsáveis pelos diversos temas e do episcopado em geral na participação da assembleia. Para ele, a dedicação, o empenho e a seriedade no desenvolvimento dos trabalhos realizados em equipe e nos encaminhamentos necessários foram extraordinários: “demonstra o amor dos irmãos pela conferência. Nós temos bispos relativamente jovens que têm facilidade para usar as mídias. Mas também temos irmãos bispos em situações geográficas do nosso Brasil onde o acesso a internet não é tão simples como em outras regiões. Com tudo isto somado, eu creio que o empenho por participar, a dedicação, é algo que merece, sim, reconhecimento, destaque e gratidão”. Interação com os jornalistas presentes na coletiva Ao responder perguntas dos jornalistas presentes, dom Jaime comentou a importância de trabalhar para que o tema central da Assembleia Geral “Animação Bíblica da Pastoral a partir das comunidades eclesiais missionárias” chegue às comunidades e gere frutos: a palavra de Deus é como base, como luz, como orientação, é necessária, salutar, para que a igreja continue desenvolvendo. Eu creio que se nós quisermos renovar nossas comunidades, nossas iniciativas todas, nós precisamos resgatar a importância, o lugar da palavra na vida de cada fiel e de nossas comunidades. Nesse sentido, eu creio que o tema central, depois que chegar às nossas comunidades através do documento de estudos, ajudará, sim, a desenvolver este trabalho”. A necessidade de somarmos forças e não esmorecer diante dos desafios, retratada na Mensagem ao Povo Brasileiro que a assembleia aprovou e divulgou hoje, também foi lembrada por dom Joel: “isso tem a ver com a necessidade de continuar promovendo a obra do cuidado. O respeito para com a vida humana, o respeito para com a dor alheia, com o luto de tantas famílias que, infelizmente, alguns setores da nossa sociedade e algumas expressões dos poderes constituídos não reconhecem. Falta aqui solidariedade maior, porque a dor dói. E a saudade é coisa bonita, mas também deixa marcas e dor. Não podemos descuidar da vida humana nos seus diversos aspectos e, sobretudo, nestas horas de dor e de morte”. Dom Jaime ainda ressaltou que a pandemia e seus desdobramentos na vida do povo foi um tema que permeou alguns momentos da assembleia e teve como destaque o momento em que alguns membros do episcopado puderam relatar as experiências vividas nesses tempos de pandemia. “São situações de dor, necessidades de toda a ordem, situações que exigiram e exigem empenho para responder aos desafios que o vírus impôs e continua nos impondo. Nesse contexto do fenômeno da pandemia, merece destaque o quanto a fé e a ciência juntas podem realizar. Um destaque todo particular vai para a solidariedade em meio a tanta dor e tanta morte. Diante desses fatos todos, nós, como igreja, como pastores, não podemos nos calar. É o evangelho que o exige. É Jesus que nos disse – “eu vim para que todos tenham vida e vida em abundância. Portanto, quando a vida é machucada, a vida é ferida, nós não podemos permanecer indiferentes”. Nesse momento de pandemia, segundo dom Jaime, todos somos chamados a agir, em um movimento de corresponsabilidade social. “É um desafio e uma necessidade urgente. É tempo de cuidar da vida, de promover a vida, a esperança, não pode esmorecer. Apesar das situações que nos preocupam, eu creio que nós, como igreja, como bispos, como pastores, temos uma missão especial de cuidar para que a esperança não venha menos”. Autor: Juliano Rigatti Fonte: CNBB
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